31/12/2011

Feliz Velho Ano Novo


E quando as festas terminarem, as férias terminarem e todo o mesmo cotidiano vier sufocando 2012? O que será novo além das velhas mesmas situações de sempre?

Não existem anos novos em nossos ciclos tão retrógrados, existem novas formas de lidar com tudo. Claro, boas novidades surgirão para nos lembrar de como as coisas do mundo na verdade são muito legais, assim como algumas quedas feias para engolirmos seco nosso orgulho e assumirmos que não vimos a pedra (tão evidente) no caminho. 

Os novos anos não são feitos só de novos dias, mas de novas posturas e novos exercícios de perspectiva de como enxergamos o mundo e as pessoas. Sem parar pra pensar no que fazer ou no que pensar, não haverão novidades nunca.

Desejo para todos um ano cheio de boas reflexões sobre o que fazemos e resoluções que tragam paz e amor para nós e para todos que nos rodeiam.

23/12/2011

À distância de um beijo


Eu temo por mim mesmo
Quando o meu ser mais primitivo
Arde e me toma de desejo
E temo ainda mais
Quando em momentos racionais
Vejo razão em nosso ensejo

15/12/2011

Fas te fûde


Essa mistura maldita
De massa, queijo e sal (muito sal)
Que engulo diariamente
Por preguiça e outros pecados
Incita meu inferno interno
Dantesco penar estomacal
Sentindo o ácido corroer
Cada célula dissolver
Em redemoinhos e erupções
Antiperistaltismos de lava
Que escalam meu esôfago
Cravando suas garras de fogo
Me causando agonia eterna
Que dura o infinito instante
De um anti-ácido me socorrer

Fast food é do capeta.

05/11/2011

O dia em que parti

Há algum tempo
Percebi que existe amor
E que a falta, o vazio
De sentir, e se esvair
Não me faz algum sentido

E aos poucos, desfaleci
De nutrir, de insistir
De acreditar
Tão só

Sei que existe verdade
Em teus olhos tristes
Em teu pranto
Nosso amor é verdade
De muito antes, muito antes

E ele continuará
Naquela ternura elegante
No frio do comedimento, ou
Em futuras longas conversas
De velhos amigos fiéis

Mas agora, me despeço
Com a mente e coração
Teu lugar é sempre teu
E o meu, não mais aqui

Parti.

04/11/2011

Viagens

O vento acalma
A estrada guia
O sol revela
A chuva controla
A moto me leva
E eu,
Observo o todo
Perfeito, e tão lindo
E sempre
Sempre pergunto
Onde estará
O meu destino

E enquanto
Não acho resposta
Continuo a viajar
Na beleza
Que a Eterna Viagem
Se mostra

24/10/2011

Sopros do além


"- A questão não é ser ou não ser afetado,
Isso não te cabe rapaz.
Mas se ficarás parado ou seguirás em frente,
Já é outra história…
- Vamos lá?"

20/10/2011

Silenciar

Eu tudo queria
Soluções, alegrias
Mas agora, só gostaria
Do que realmente
Vai acontecer
Como isso 
Não me compete escolher
Nada mais
Tenho a dizer

Reencontro


Aos poucos
A mente convence
O coração a pulsar
E ambos concordam
É o fim? É o fim.

- Ilusão só te traz dor.
- Sem emoção, como vais rir?

E nesse reencontro,
Devagar, revivo
Pois só com essa união
Voltarei a sorrir

:)





18/10/2011

Nowadays

Um pedaço de papel
Um clipe entortado
Duas camisetas,
Uma no saco plástico
Outra não
Muitas coisas
Dispersas, desconexas
- E daí?
- Pois é, e daí?

Cansaço

Nesse momento
Descanso
Para mente
Para alma
Para coração

16/10/2011

Nudez

Defesas e barreiras
São úteis
Em tempos de guerra.

Nossas cicatrizes
Não devem se tornar maiores
Que nosso coração.

De que valem
As muralhas que nos cercam
Das alegrias do mundo?

Seria o medo,
Até em tempos de paz
O melhor conselheiro?

Prefiro a nudez
E carinhos sinceros
Do amor.

15/10/2011

Na brinca, ou na vera?

Com certeza, cabo de guerra não é minha brincadeira favorita.



Mas quando quiser brincar, lembre-se que não é a força que colocas na corda que me preocupa,



mas a vontade com que pareces querer arrebentá-la.




03/10/2011

Nossa dança


Na valsa que inicia
Nossa dança no salão
Debutando nossos passos
Estreitando nossos laços
Cada passo, descoberta
Cada giro uma lição

Como em qualquer dança
A leveza é essencial
Esqueçamos tudo e todos
Só diversão, pra variar
Por um instante, só nós dois
E a vontade de dançar

E caso pise no teu pé
Ou tu percas direção
Uma piscadela de alerta
Um leve aviso na mão
Tudo segue no seu tempo
Tu pernoca, eu pernão

Essa é a graça da dança
Alcançarmos comunhão
Os meus passos com teus passos
Entrelaçando a melodia
Tentando manter o ritmo
Sem muita pressa ou lentidão
Eu te levo e tu me dosa
Nossa dança, nossa canção

22/09/2011

Exaustão

Sei que a guerra está no sangue
Vem dos tempos do cangaço
Sei que o ódio entranha o homem
Cega e puxa pelo braço

E por saber, quero estar fora
Meu prumo certo é um bom papo
Mas vez ou outra, (ou) de hora em hora
Quando me ligo, lá vem sopapo

Nunca pedi vida mansa
Curto bastante uma tempestade
Mas po Deus, tem hora que cansa
Por agora, pela amizade
Pode ser só amor e tranquilidade?

21/09/2011

Segredos em palavras


Pensamentos revelados
Quando belos, são louvados
Acompanham para sempre
Quando tolos, devorados
Desocupam minha mente

17/09/2011

Para viver


Existem dois caminhos para viver,

Confrontar diretamente as velhas convenções de velhos gagás

Ou, de uma forma pacífica, subverter a mente das pessoas em um novo conceito de sociedade.

Qualquer outro caminho, você já está morto, esperando começar a feder.



(ir pra show de punk dá nisso hehehe)

11/09/2011

Velhos Contos do Feirante (Abscoriado pelo Destino) ..


Para mim, a sorte não existe. 

Quem pode acreditar em tal coisa vendo a cada dia a vida ser a mesma. Não tenho nada diferente das milhares de outras que me acompanham. Só me resta apodrecer enquanto espero a sorte que não existe. Para não ser tão pessimista, posso acabar como a maioria apática, que "passa" o resto da existência seca e murcha, acomodadas a um destino mediocre porém longo e estável. Quem desgraçou meu miolos ao me fazer sonhar? Preferia não sonhar sonhos belos onde deixaria para meus criadores sementes férteis que germinarão em grandes e belos exemplos de seleção genética. Preferia não diferenciar a lata de lixo a uma panela, assim aceitaria qualquer que fosse meu destino. Às vezes olham para mim atentamente, como se algo diferente existisse no meu brilho, na minha cor, mas logo vejo o frio e métrico olhar a que todos são submetidos e se submetem e sei que será um dia a menos em minha breve vida. E passam os dias, escureço o sorriso, perco o brilho, e assim como eu, todas as que por azar me acompanham. E finalmente, após a longa espera, sinto o calor humano, a mão amiga que sempre esperei, penso como alguém escolheria a mim, tão negra e opaca, já murcha e azeda, marcas do tempo que não me abandona. A sorte talvez exista. Mas rapidamente recobro a razão, sinto o calor esvair, a mão se distanciar e vejo o retrato de minha vida, estampado em meus últimos momentos. Me encontro no fundo negro da lata de lixo, ao lado de milhares, qual dejetos, rejeitadas. Restos de uma feira de domingo. Sonho com uma bela mesa, ser desejada a primeira vista, causando revoluções gustativas entre suaves mordidas de uma bela senhorita, e após cumprir meu dever, ter minhas sementes transmitidas e ser eternamente propagada pela terra. Mas tenho meu sonho interrompido, por uma enorme melancia, jogada por meu algoz, selando meu destino. Aqui jaz uma uva... uma uva sem nada especial.


O Feirante

Velhos Contos do Feirante (Abscoriado pelo Destino)


Outro dia andava pela calçada e vi do outro lado da rua uma batata grande e gorda, daquelas com trejeitos de condessa. Ela, que caminhava formosa, ao perceber meu olhar mirou um dos seus vários olhos e com outro localizado na altura do joelho piscou. Sem estar esperando tal investida, desconcertei, avermelhei porém mantive a postura diante de tão nobre tubérculo e resolvi me aproximar. Ela pareceu ter a mesma idéia e começou a rolar em minha direção de maneira deveras elegante. Meu coração palpitava de ansiedade em imaginar o fruto de tal aproximação e do belo e saudável futuro que esse encontro poderia acarretar. Mas em meio a travessia, a nobre e robusta batata, que apesar dos olhos encantadores, manchas bem feitas e pêlos sedosos, não era dotada da malícia de um habitante da cidade e em meio ao tráfego caótico, ouço um grito, que ao se esvair, atraindo a atenção de todos que ali estavam presentes, levou também meu belo sonho de futuro com tão fresca amante... um caminhão de tomates desgovernado atropelara e espragatara minha deusa subterrânea dilacerando meu coração. Então parti maldizendo a vida e letargicamente me recuperei de tão intensa e breve paixão eterna.

o Feirante

08/09/2011

Justo Karma

Aqui não há espaço para nostalgia.

Os frutos colhidos agora
vem das sementes que plantamos outrora.

Regados a lágrimas ou não.

03/09/2011

Odisséia da Falta de Luz (ou Clamor dos Pântanos Centrais aos Patronos da Energia)


Escuridão total
Enxerguei o calor
Se espalhar qual serpente
E as antigas porteiras
De seu grande terror
Bloqueadas, exauridas
Em profundo torpor

Vi as feras voadoras
Dissimuladas, soturnas
Sussurrando em meu ouvido
Enquanto sugam meu sangue
"Teus gigantes
Verteram em moinhos?"

Em meio ao inferno noturno
Noutros reinos vizinhos
Retumbavam tambores
Ecoavam sozinhos
Rasgando o silêncio
Qual vulcões furiosos
Em seus ritos pagãos

E em meu reino caído
Clamando por milagre
Ajoelhado perante a cruz
Evocava os deuses
Rezando com fervor
Em meu último suspiro
"Por favor, volte a luz"

30/08/2011

Rabiscos

Cada passo, bem medido
Qual compasso bem travado
Cada passo, dou um giro
E me viro pr'outro lado
Cada giro, um rabisco
Às vezes sem precisão
Cada passo, cada risco
Girando meio sem razão
Tem uma razão toda singela
Tentar da (minha) forma mais bela
Te desenhar meu coração

28/08/2011

Partilha

Tudo que é teu
Mescla, mistura
Entranha no meu
E meu eu
Se desfaz
Inspirando teu ar
E, se volta ao lugar
Após o beijo teu
O que é, já não há
Renasci
Somos nós
Tu e eu

24/08/2011

Raul Tributado: Uma Viagem a Anarkilópolis

Foto: Maksuel Martins

Acho que o final do show resume tudo: fomos (o público e a banda) gentilmente "convidados a vazar" do SESC Centro porque tinha estourado o horário de encerramento de shows em Macapá e ainda tinha muita música pra tocar. Acompanhado (quase sempre) de batera, guitarra e baixo, Silvio Carneiro extrapolou em todos os bons sentidos na apresentação em homenagem a Raul, no Projeto Botequim do SESC Amapá. Não foi cover, isso é bem claro, o Silvio cantou as músicas do Raulzito do jeito que ele tava afim e era isso mesmo, o que foi muito bom. Tempo atrás, o Sergio Leite (um cover paraense do Raul) fez show aqui e o Silvio não foi, quando questionei "porque näo fosse?", ele disse que um dos motivos era pra não pegar trejeitos de outros. Realmente, tua apresentação foi única e muito madura, deu certíssimo. Dos clássicos aos lado-B, Raul com certeza foi bem tocado ontem a noite com alguns descompassos leves. Parabéns ao Silvio que pensou e fez um show de Raul muito bom, aos amigos e galera em geral que tocaram o terror fazendo o show virar um ótimo "piseiro".

23/08/2011

Defina Saudade


Naquele momento
Meu ar exauriu
Distante de tudo
Em meio a baderna
Nada mais existia
Apenas teu rosto
Ausente, presente
Onde estás,
Nesse instante
Não colada
Em mim?

11/08/2011

Corrida de Saco


Dois pés quase grudados
Joelhos em pura tensão
Duas mãos muy cerradas
E pura concentração

Levanta Pé-Joelho-Pulo
Levanta Pé-Joelho-Pulo

Quem é ruim de coordenação
Ou perde fácil concentração
Pé não se joga em pulo
Joelho fica molenga
Fatídica resolução
Se estabaca no chão

Existe aí uma lição?

Dia Internacional da Renata

Há muitos anos, nesse dia
Nasceu uma menina moreninha 
Cabelo preto e de franjinha
Lá pras bandas do Sul

Depois jovenzinha saiu de lá
Foi pra Recife ficar perto do mar
Ouvia emocore e passeava nos bar
Botou até piercing e vivia no RA

Fez faculdade de biologia
Mas vive falando de psicologia
Era vegetariana, não é mais
E cuida do seu filho todo dia

Agora ela virou concurseira
Mas ela ainda é legal
Parabéns Renata Azambuja Gomes
Pelo seu dia Internacional!

10/08/2011

Clareza, por favor


Meu coração, arritmia
Minha mente, revelia
Sem caminhos certos
Sem escolhas claras
Silêncio e revoluções
Guerras e resoluções
Nunca fui eu só
Agora sei bem
Mas se não sou só
Sou eu e mais quem?

26/06/2011

Sonhos

Qual o sentido de dormir
Se o repouso se faz
Em cada sorriso
Cada carinho
E tudo aquilo
Que me consome
É a nossa distância
É tua ausência

15/06/2011

Cochilo d'almoço

O tempo que corre
Meus olhos cerrados
Celular do lado
Ventilador ligado
Sol a pino
Louça suja na pia
Camisa jogada
Sapato largado

Toca o alarme
Levanto da cama
Escovo os dentes
Calço o sapato
Visto a camisa
Abro os olhos
E vou trabalhar...
Cabou o intervalo

14/06/2011

Ideafix

Bem agora aqui deitado
Tela branca me encarando
Eu já nervoso pensando:
Que %$**# vou escrever

Meu dedo já tá coçando
Mas até verso rimado
Fica todo bagunçado
E agora, o que fazer?

Há se fosse vazieza
De minha cuca arigó
Sem ideia, sem tolice
Pra jogar duma vez só

Se fosse tinha certeza
Tem remediação
Mas o caso é mais grave
O problema é lotação

A galega do meu lado
Que respira em mi maior
Faz um som bem encorpado
Ritmado, harmonizado

E a tal respiração
Ligeira qual furacão
Entra feito enchente
Largando tudo no chão

E o verso estruturado
O poema emoldurado
E até o mais ousado
Ficam tudo ali de lado

E a zuada da galega
Retumba na marcação
Faz a mente pedir arrego
E embarcar na percussão

Tum tum-tum
Tum tum-tum
Tum tum-tum

01/06/2011

Gato escaldado

Quanto mais
Generoso,
               Gentil,
                         Amistoso,
                                         Sincero,
                                                      Sereno,
  Mais eu me preocupo
Com a força
                                                                                                                                        Do veneno

25/05/2011

Qualquer coisa feminina

Cai a gota cristalina
Fria e fresca, lá de cima
Na cabeça da menina
Que só pensa no amor

Cai a gota cristalina
Evapora sem demora
Da cabeça da menina
Que já ferve de amar

Quando a gota evapora
Leva pro céu sem querer
Um tantinho do amor
Que causou seu aquecer

Da cabeça da menina
Que só pensa em amar
Mas que vive numa ilha
Onde o amor não vai chegar

Ah coitada da menina
Sentada na beira do cais
Sol na moleira esquentando
A gota de chuva que cai

E cada gota que leva
Um tico de amor pro céu
Uma gota cai no chão
Dos seus olhos cor de mel

17/05/2011

Facultatis Humanae

Pensar
Agir
Falar
Sentir

Quatro universos
Que residem em nós
Navegam em nosso cosmos
Sem direção muito certa
E quando se chocam
Causam explosões cáusticas
E atingem outros mundos
Por toda eternidade

Fadiga

Nesse momento
Não há lamento
Só o cansaço
E o desejo
De completo
Isolamento

10/05/2011

Último suspiro

Escorre suave
Tinge minhas costas
D'um rubro fúnebre
Por sob as vestes
O sangue já frio
De punhal refinado
Que crava o coração
Me prostra no chão
E em lágrimas
Ante último suspiro
Indago ao divino:

- Também sou eu Severino?

08/05/2011

Mãe de Todos

Chora cidade acanhada
Cravada no meio do mundo
Acorda de alma lavada
Desperta do sono profundo

Tu pagas por nossos pecados
Madre bondosa e infeliz
Tão frágil e tão nova, me diz
Que fazem de ti teus rebentos

Exaltam em lindos poemas
Musicam o que há de mais belo
Mas calam em razões obscuras
Saqueiam teu brilho singelo

Tu choras e todos também
Sozinhos no canto do quarto
Estendidos no chão do asfalto
Implorando ajuda de alguém

Mas nisso até Deus se comove
E chora qual pobre mortal
E reza pra nós, tucujus
Cuidarmos do lar maternal

07/05/2011

Folk Jambo High

Macias agulhas flutuam no ar
Pousando no chão que caminho
Tão rosas e vivas cintilam no céu
Se curvam aos meus pés com carinho
E os gigantes jambeiros cantando
Dançando com vento e o sol
Lançam suas flores pro alto
E sem perceber,
Brincando e amando
Colorem o cinza do asfalto

02/05/2011

Sussurros da estrada

Em certos momentos
Onde tudo se confunde
Os passos são tropeços
Tudo torto, pelo avesso

Nesses certos momentos
Me perco pelo vento
Seguindo com a estrada
Sussurros e lamentos

Só o roncar estrondoso
Conselhos da companheira
E o frio que trespassa meu corpo
Lavrando meus pesadelos

No caminho compreendo
Tudo aquilo vale nada
Só o que importa na vida
Seguir pela minha estrada

Passados





Marcas em minhas costas
De tuas unhas vorazes
Silenciaram sob a pele
Mas latejam e relembram
Nossas noites em penumbra
Misto de luz e perdição

Ondas de meus cabelos
Moldadas por teus dedos
Em nossos momentos mais serenos
De pura contemplação e amor
Teimam em resistir ao tempo
Qual em protestos de saudade

Mil suspiros que me escapam
Quando ouço a velha música
Mil sorrisos me sublimam
Se lembro de tuas manhas

Mesmo assim
Tudo pesa e destrói
Quando por acaso
Vejo voce por aí

19/04/2011

A mais eficaz forma de alienação


Já pensaram como, no geral, usamos de forma extremamente inútil, ou no mínimo sub-utilizada, essas novas ferramentas que nos possibilitam interagir com zilhões de pessoas simultaneamente? E como, na verdade, busca-se muito mais tentar exteriorizar o ego através de informações cotidianas, ideias desconexas ou ridículas, esperando que suas opiniões simplesmente sejam reconhecidas e replicadas? Essa aparente super conexão com o mundo, não estaria se tornando mais uma forma de tentarmos incessantemente fazer com que pessoas nos vejam, independente de vermos alguém? Isso não refletiria uma manifestação em larga escala do egoísmo? Se sim, em vez de integrar, não seria a internet promotora de uma falsa ideia de integração, gerando uma das formas de alienação mais eficazes?

Não estaria eu sendo um dos mais egoístas agora?

Escrituras

Como pode

A distância que tortura
A ausência que sufoca
O medo que protege
E que forma imensa barreira
Fortaleza frágil de mim
Tremerem com tua voz
Dissolverem ao teu olhar
Me fazendo apostar
Num futuro tão bonito
Que eu gosto e acredito
E por alguma razão
Me confessa o coração
O que a mente não vê:
É o amor, está escrito.

07/04/2011

Democracy's Freakshow


Sento cansado      
No grotesco carrossel
De pessoas perdidas
Nesse parque de horrores
Onde o anão trapezista
Insiste com veemência
Em ser a mulher barbada
E o mímico performático
Para a minha tristeza
É quem mais gosto de ouvir

28/03/2011

Viva la Revolución

Bom, eu acabei de ver o filme “Che, o Argentino”, que obviamente é sobre o caboclo que foi um dos mais importantes na revolução cubana. Aliás, desculpem o título super mega batido, mas ainda estou contagiado pelo filme muito bom. Tá, mas eu não resolvi perder parte do tempo de meu sono pra falar sobre filmes e sim sobre a idéia de revolução que sempre reverbera em minha vasta cabeça nordestina e acredito que na de vários outros colegas e não-colegas mundo afora.
Numa época, fui quase que forçado a ministrar uma disciplina de licenciatura (alguma dessas “prática e vivência de ensino” da vida), porém era um bacharel que nunca tinha pisado numa sala de aula na vida. “Mais uma merda no nosso sistema falido de ensino” pensaria eu se ouvisse tal história de uma boca externa, e foi baseado nessa lógica que um medo fabuloso de não satisfazer meu patrono com bons resultados e meus alunos com conhecimentos sólidos, que adentrei num processo voraz de apurrinhamento de outros professores e de leituras sobre ensino.
Nessa odisséia, me deparei com o tal do Paulo Freire e seu “Pedagogia do Oprimido”. Das várias coisas legais que existem ali, uma pareceu desencadear aquelas revisões profundas em uma rede de conceitos formadores de minha forma de pensar e que me norteia fortemente em meus atuais objetivos, megalomaníacos ou não: a diferença entre revolucionário e reacionário. Bueno, botando meu resumo e tirando a beleza da descrição de Paulo Freire, a idéia da coisa é que nós essencialmente vivemos num mundo onde reagimos aos estímulos, bons ou maus, de uma forma comum e padrão, independente de sermos os oprimidos ou opressores. Exemplificando, digamos que os Azuis estão no poder e eles são seres cruéis que oprimem os Vermelhos. Um dia, os Vermelhos tomam o poder e apesar de terem uma visão diferente das coisas, continuam oprimindo os Azuis através dos mesmos mecanismos que eram a eles aplicados em outro momento. Isso é reação.
Esse padrão de reagir aos acontecimentos, meio que como aquela lei da Física, “com a mesma intensidade e em sentido oposto”, apesar de fazer as coisas aparentemente mudarem, só perpetuam os mesmos vícios em diferentes lados, criando ciclos muy destrutivos. E, apesar do texto ter toda essa conotação política, esse ciclo reacionário se aplica em todas as esferas da nossa vida, desde o meio ambiente (protecionistas vs. desenvolvimentistas), música (nao vou citar exemplos pra nao dar briga), religião (ateus vs. radicais), raciais (negros vs. brancos), etc etc. Pelas análises que fiz de mim e do que me cerca, tendemos sempre a “reagir” ao que nos agride e aí que mora a grande cagada da história.
Revolução não é colocar no poder (qualquer que seja o poder em pauta) um grupo diferente que segue em sua essência os mesmos mecanismos de domínio, mas com um discurso próprio. Revolucionar é algo muito trabalhoso, que nos demanda reflexões constantes de nossos pré-conceitos e de como eles nos fazem reagir de forma essencialmente igual, mas em sentido oposto ao nosso “opressor”, e de como isso é negativo. Para nós, que buscamos a revolução que finde com todas essas fuleragens que estamos cansados de assistir, ouvir, participar ou se abster, a essência não é pensar em se devemos ser da direita ou da esquerda, gays ou heteros, castas(os) ou putas(os), do brega ou do metal. A grande ideia de revolucionar é exatamente despir de toda essa preconceituação entranhada, apertar o reset e buscar entender como fazer pra que dentro desse sistema em que vivemos, consigamos alterar a forma humana de nos relacionar para algo que foge completamente de todos esses padrões que na verdade não são nada mais que os diferentes “lados” do espelho refletindo o mesmo objeto.

-Tá, e agora?
- E agora? Me chama pruma cerveja que a gente continua esse papo

21/03/2011

Por onde andam os ciclovistas?


Pelas bandas do fim do ano passado, participei de um passeio ciclistico muy arriscado por Macapá com o povo do movimento “Eu quero uma Ciclovia em Macapá” (http://euqueroumaciclovia.blogspot.com) que andou pela orla de Macapá e fez uma atividade muito bacana, com direito a lanche e sorteio de brindes para paramentar a bicicleta, com todos os participantes e transeuntes que se aproxegaram.
Muito arriscado porque infelizmente em nossa bela cidade não existe estrutura para podermos nos locomover de bicicleta de forma minimamente segura. Tanto que o passeio gerou muitos transtornos na tão bela e apertada Av. Beira Rio, por sorte tivemos apoio da polícia que nos acompanhou, evitando acidentes durante o percurso.
De lá pra cá, a situação não mudou em nada basicamente, o que fez eu aposentar minha magrela e ficar 100% no circuito indoor de trânsito amapaense. Mas pelo que ouvi falar o papo mudou, os tempos são outros, sem PF servindo pistola semi-automática de café da manhã pros politicos e sem previsão de diárias para estadia na Papuda. Aliás, eu me recordo que o nosso novo governador, quando concorria para prefeito, falou algo sobre uma ciclovia né? Bueno, acho que está na hora dos marginalizados ciclistas se reunirem novamente e fazerem um passeio pela FAB, cruzando todas aquelas Secretarias que agora parecem se abrir para boas iniciativas que prezem pela melhoria de nossa qualidade de vida.

E ae, cadê os ciclovistas?

17/02/2011

M.A.

E as palavras
Para que servem
Quando percebes
Que não pode usá-las

E as idéias
Que se distorcem
Quando se escondem
E não pode alcançá-las

Para quê
Para quem
E por quem falas?

Para onde
Para quando
E quão longe pensas?

Sim, chegou o momento
Que se repete sem cessar
É o começo
De um fim constante

Quando parto
Prum mar distante
E mesmo presente
Não torno a voltar

08/02/2011

Outros papos

Bom, como vocês, meus caros colegas, já sacaram, eu nem de longe me formei em letras, jornalismo ou qualquer curso formal que nos estimule à escrita. Então, como bom arigó, descompromissado com qualquer primor literário ou respeito por nossa língua, eu tento enveredar por outros caminhos prosáicos e vou fazer o merchan dessas paradas:

E nós na Terra? - Blog sobre filosofia da religião. Como tenho muita curiosidade nesse assunto e me declaro espírita, com muito sacrifício estou tentando discutir temas gerais pra todas as religiões e credos (começou oficialmente hoje ok?)

link-- http://enosnaterra.blogspot.com/

Monólogo de um Biólogo - Blog sobre assuntos na área ambiental. Sou formado biólogo e aprendi desde cedo a me incomodar com essas coisas todas relacionadas ao ambiente em que vivemos, como esse é um debate meio complicado, acaba virando monólogo :p

link-- http://monologobiologo.blogspot.com/

31/01/2011

O inferno e o Metal

O inferno - Imaginem um lugar com 10 pessoas por metro quadrado, sendo metade uns brucutus com o desodorante vencido desde a noite passada. Agora imaginem que esse lugar é TOTALMENTE fechado, com o ar-condicionado de brinquedo e duzentas pessoas fumando. Bar de brega dos Congós? Dimpus em Santana? Não!! Bem vindo ao novo point da cena metal e rock amapaense, a boate Proibidus (que nas horas vagas é boate de strip GLSTBYMCA).

O metal - Nesse lugar infernal, aconteceu no último sábado (29/01) o show da banda Anubis, de Belém, com a participação das locais Anonymous Hate e Carnyvalle. Bom, quem começou os trabalhos foi a Carnyvalle, é o 3º show que eu vejo dos caras, e vejo que eles estão melhorando, mas ainda tá faltando. O vocalista perto do final já tava ca voz sumindo e às vezes a guitarra parecia não conversar muito bem com bateria, mas eu gosto das composições dos caras e eles tem uma postura de palco que anima pra dar porrada nas rodas. Aposto que já já só terei coisa boa pra falar desses porras. Segunda banda foram os caras da Anubis, eu nunca tinha sacado a banda, mas agora deu vontade de conhecer a cena no Pará viu, os bichos manda muito bem. Valendo ressaltar a dupla de guitarristas que mandava bem pracaralho, a bateria muito bem encaixada e o fôlego do vocalista em meio ao mormaço assassino que se formou durante o show da Carnyvalle, eu já teria morrido se fosse ele. Pra finalizar, foi a Anonymous Hate. Eu confesso que fiquei preocupado com a recepção do público depois de terem visto e ensurdecido com o show que a Anubis fez, mas apesar do cansaço inicial da galera, rapidinho eles mostraram pra que vieram e tava todo mundo "bangueando". Eu já tinha ouvido o Promo Cd (ou EP, sei lá) dos caras e confesso que fui pro show dessa noite pra ouvi-los. Eu curto pracaralho thrash e já tinha me acabado no show da Anubis, com direito até a falta de ar depois de ter ficado 10s na roda (tou ficando velho), mas o death(/grind) metal desses bichos não é brincadeira, acho que tecnicamente aqui no Amapá eles estão na elite da elite, peso de qualidade mesmo. Vocal fuderoso com o Vitor, acho que surpreendeu todo mundo que foi ali só pra ver qual que era, o Ateu fez valer  e tocou muito e incessantemente bem a batera e o peso das guitarras, sem comentários. Mesmo morrendo eu tive que bater cabeça presses caras, eles merecem.

O Inferno e o Metal - Bom, pra finalizar acho que o show foi muito bom. Aliás, fazem falta festas de puro metal aqui, sempre tem público e o povo que organiza se garante. Mesmo sendo 10 pau, preço incomum pra galera de Macapá, os metaleiros e afins pagaram pra ver sem reclamar, e aposto que não se arrependeram. Parabéns para o Jeff, que articulou essa história toda e botou pras bandas tocarem um som de muita qualidade, coisa rara por aqui. Só é foda ter show na porra da Proibidus, o lugar não tem estrutura pra tanta gente, a banda fica parecendo cover dos Beatles (naqueles palquinhos onde o batera fica no alto), os funcionários todos enrolados e o calor insuportável. Fora o jogo de luz dos Embalos de Sábado a Noite que cegava todo mundo que queria ver o show. Sei dos motivos todos pra a parada rolar lá, mas ficaria muito feliz se desse pra encontrar outro lugar. Juro que vou começar a procurar!

De resto, agora é incomodar os vizinhos com barulheira até rolar a próxima. Ducaralho!!

28/01/2011

Constelações familiares

Mais longe e além
Do meu curto abraço
Brilhando no céu
Em cirandas cadentes
Brilham as estrelas
Reluzem, cintilam
Tão nortes, nordestes
E eu tão aquém
Deito, me estico
Cravado no solo
Miro o espaço
Na casa celeste
De onde viemos
E desconcertado
Num sorriso agreste
Me questiono, calado:
Porque tão distantes?

20/01/2011

Realeza

A longos passos
Em seu salto
Meticulosamente encaixado
Em pés perfeitos
Desliza a madame
Por sobre e acima
Seus cabelos que oscilam
Em harmonia fatal
Com o vestido ousado
Espalham perfume
Que enebria a cidade
Enquanto desliza
Com saltos agudos
Por sobre nós

18/01/2011

Meu jardim

Tenho três rosas.
Três amores.
Mil alegrias,
Todas,
Multiplicadas por três
E divididas
Para mim.

08/01/2011

Semelhanças, semelhanças...

Time - Pink Floyd

Ticking away the moments that make up a dull day
You fritter and waste the hours in an off hand way
Kicking around on a piece of ground in your home town
Waiting for someone or something to show you the way

Tired of lying in the sunshine staying home to watch the rain
You are young and life is long and there is time to kill today
And then one day you find ten years have got behind you
No one told you when to run, you missed the starting gun

And you run and you run to catch up with the sun, but it's sinking
And racing around to come up behind you again
The sun is the same in a relative way, but you're older
Shorter of breath and one day closer to death

Every year is getting shorter, never seem to find the time
Plans that either come to naught or half a page of scribbled lines
Hanging on in quiet desperation is the English way
The time is gone the song is over, thought I'd something more to say

Home, home again
I like to be here when I can
When I come home cold and tired
It's good to warm my bones beside the fire
Far away across the field
The tolling of the iron bell
Calls the faithful to their knees
To hear the softly spoken magic spells


Acho que eles escreveram essa letra quando estavam de férias na casa dos pais, impressionante a semelhança haha

03/01/2011

Insônia II

Dizem que
Se mede a felicidade da alma
Pelo quietude da mente
Quando no silêncio da noite
Na escuridão reveladora
Fechamos os olhos
E dormimos em paz

Devo ser dos mais tristes,
Concluo então…

Menos um ou mais um?

Quando finalmente paro de trabalhar, estressar, reunir e vários outros verbos transitivos diretos e indiretos, geralmente na voz ativa e cansativa, e chego ao (quase sempre) paraíso das férias. E, assim como todo mundo, pego um pouco do meu delicioso tempo ocioso para pensar nas coisas que fiz, desfiz e não fiz. Eu particularmente gostaria de fazer isso mais vezes durante o ano, porque meus neurônios afetados bravamente pelo álcool e genética fuleira geralmente não lembram de todos os ocorridos, mas eu sou um molenga que cede as pressões sociais e fico inventando trabalho pra não cair na vala do ócio vergonhoso e não-produtivo. E nessa pensarada toda, gosto de pensar se o ano que passou foi "mais um ano" ou "menos um ano" na minha vida. Por ser filho de gente muy trabalhadeira e muy exigente ca sua prole, acabo sempre achando que passei mais tempo tentando procrastinar e vagabundar que botar a mão na massa, mas isso geralmente é nóia minha, por mais liso que seja, me esforço pra trabalhar (quase) sempre. Apesar desse ano ter sido bem atípico na minha quinquênia vida amazônida, eu acho que a ânsia por férias que minha fraca mente exaltou nos últimos meses, me indicou que esses trezentos e tantos dias foram bem intensos e importantes. Mas das zilhares de coisas boas que rolaram, acho que a das mais legais foi que esse ano consegui enxergar novas possibilidades para resolver (ou escancarar) diversas pendengas que acho muito escrotas em Macapá (sim, tudo pelo social) e re-iniciei a desamarração de certos contratos entre eu e eu mesmo para poder fazer umas reformas psicossomáticas almejadas. Papo chato e tal, mas resumidamente acho que estimular potencialidades é a nova pedida, sem exageros!