22/09/2011

Exaustão

Sei que a guerra está no sangue
Vem dos tempos do cangaço
Sei que o ódio entranha o homem
Cega e puxa pelo braço

E por saber, quero estar fora
Meu prumo certo é um bom papo
Mas vez ou outra, (ou) de hora em hora
Quando me ligo, lá vem sopapo

Nunca pedi vida mansa
Curto bastante uma tempestade
Mas po Deus, tem hora que cansa
Por agora, pela amizade
Pode ser só amor e tranquilidade?

21/09/2011

Segredos em palavras


Pensamentos revelados
Quando belos, são louvados
Acompanham para sempre
Quando tolos, devorados
Desocupam minha mente

17/09/2011

Para viver


Existem dois caminhos para viver,

Confrontar diretamente as velhas convenções de velhos gagás

Ou, de uma forma pacífica, subverter a mente das pessoas em um novo conceito de sociedade.

Qualquer outro caminho, você já está morto, esperando começar a feder.



(ir pra show de punk dá nisso hehehe)

11/09/2011

Velhos Contos do Feirante (Abscoriado pelo Destino) ..


Para mim, a sorte não existe. 

Quem pode acreditar em tal coisa vendo a cada dia a vida ser a mesma. Não tenho nada diferente das milhares de outras que me acompanham. Só me resta apodrecer enquanto espero a sorte que não existe. Para não ser tão pessimista, posso acabar como a maioria apática, que "passa" o resto da existência seca e murcha, acomodadas a um destino mediocre porém longo e estável. Quem desgraçou meu miolos ao me fazer sonhar? Preferia não sonhar sonhos belos onde deixaria para meus criadores sementes férteis que germinarão em grandes e belos exemplos de seleção genética. Preferia não diferenciar a lata de lixo a uma panela, assim aceitaria qualquer que fosse meu destino. Às vezes olham para mim atentamente, como se algo diferente existisse no meu brilho, na minha cor, mas logo vejo o frio e métrico olhar a que todos são submetidos e se submetem e sei que será um dia a menos em minha breve vida. E passam os dias, escureço o sorriso, perco o brilho, e assim como eu, todas as que por azar me acompanham. E finalmente, após a longa espera, sinto o calor humano, a mão amiga que sempre esperei, penso como alguém escolheria a mim, tão negra e opaca, já murcha e azeda, marcas do tempo que não me abandona. A sorte talvez exista. Mas rapidamente recobro a razão, sinto o calor esvair, a mão se distanciar e vejo o retrato de minha vida, estampado em meus últimos momentos. Me encontro no fundo negro da lata de lixo, ao lado de milhares, qual dejetos, rejeitadas. Restos de uma feira de domingo. Sonho com uma bela mesa, ser desejada a primeira vista, causando revoluções gustativas entre suaves mordidas de uma bela senhorita, e após cumprir meu dever, ter minhas sementes transmitidas e ser eternamente propagada pela terra. Mas tenho meu sonho interrompido, por uma enorme melancia, jogada por meu algoz, selando meu destino. Aqui jaz uma uva... uma uva sem nada especial.


O Feirante

Velhos Contos do Feirante (Abscoriado pelo Destino)


Outro dia andava pela calçada e vi do outro lado da rua uma batata grande e gorda, daquelas com trejeitos de condessa. Ela, que caminhava formosa, ao perceber meu olhar mirou um dos seus vários olhos e com outro localizado na altura do joelho piscou. Sem estar esperando tal investida, desconcertei, avermelhei porém mantive a postura diante de tão nobre tubérculo e resolvi me aproximar. Ela pareceu ter a mesma idéia e começou a rolar em minha direção de maneira deveras elegante. Meu coração palpitava de ansiedade em imaginar o fruto de tal aproximação e do belo e saudável futuro que esse encontro poderia acarretar. Mas em meio a travessia, a nobre e robusta batata, que apesar dos olhos encantadores, manchas bem feitas e pêlos sedosos, não era dotada da malícia de um habitante da cidade e em meio ao tráfego caótico, ouço um grito, que ao se esvair, atraindo a atenção de todos que ali estavam presentes, levou também meu belo sonho de futuro com tão fresca amante... um caminhão de tomates desgovernado atropelara e espragatara minha deusa subterrânea dilacerando meu coração. Então parti maldizendo a vida e letargicamente me recuperei de tão intensa e breve paixão eterna.

o Feirante

08/09/2011

Justo Karma

Aqui não há espaço para nostalgia.

Os frutos colhidos agora
vem das sementes que plantamos outrora.

Regados a lágrimas ou não.

03/09/2011

Odisséia da Falta de Luz (ou Clamor dos Pântanos Centrais aos Patronos da Energia)


Escuridão total
Enxerguei o calor
Se espalhar qual serpente
E as antigas porteiras
De seu grande terror
Bloqueadas, exauridas
Em profundo torpor

Vi as feras voadoras
Dissimuladas, soturnas
Sussurrando em meu ouvido
Enquanto sugam meu sangue
"Teus gigantes
Verteram em moinhos?"

Em meio ao inferno noturno
Noutros reinos vizinhos
Retumbavam tambores
Ecoavam sozinhos
Rasgando o silêncio
Qual vulcões furiosos
Em seus ritos pagãos

E em meu reino caído
Clamando por milagre
Ajoelhado perante a cruz
Evocava os deuses
Rezando com fervor
Em meu último suspiro
"Por favor, volte a luz"