10/12/2012

Ô Pai amado, quero não


Pra mim tem algo de errado
Quando um cabra alinhado
Que se diz abençoado
Pregador de nosso Pai
É caboclo endinheirado
Coronel de latifúndio
Dono de quase meio mundo
Enquanto o mundo e mais um resto
Morre caíndo de fome
Em sofrimento profundo
Em detrimento perverso

Será que estou enganado
Ou desaprendi a ler
Mas no livro mais sagrado
Nosso irmão Jesus amado
Sempre pregou o contrário
Do que eu vejo no Igrejado

A alegria de nosso Pai
A riqueza prometida
Não é a que brilha nos olhos
Ou a que engorda a barriga
Mas sim a que traz o sorriso do irmão
E por fim, garante a alegria da vida

Não me julge nobre colega
Doutor letrado no Estudo
Mestre na Teologia da Prosperidade
Conhecedor profundo do mundo
Mas minha reflexão
Vem de propósito emérito
De sentir um comichão
Sempre que vejo um crente
Pregar o amor cristão
Com cartão sem limite no bolso
E no banco mais de milhão

Em geral eu fico calado
Mas resolvi manifestar
Pois sendo meio torto
Tentando ficar mais reto
Na procura do caminho
De virar um bom cristão
Me dei de buscar igreja
Seguir uma religião
Mas já vi que o ditado
Antigo lá do nordeste
É que tem sabedoria
E acerta com precisão:

"Deus fez Universo e a Terra
Fez o homem, a água e o pão.
Mas quando deu amor aos homens
E impôs a condição, de amá-lo sobre tudo,
Sobre toda a criação.
O homem num egoísmo imenso
De ser o que ama mais certo
Num ensejo separatista, numa triste inversão do Verso
Lascou toda a beleza, loteou a criação
Privatizou até milagre, e por fim,
Pra institucionalizar a mazela, criou a religião."