Qual o sentido de dormir
Se o repouso se faz
Em cada sorriso
Cada carinho
E tudo aquilo
Que me consome
É a nossa distância
É tua ausência
O tempo que corre
Meus olhos cerrados
Celular do lado
Ventilador ligado
Sol a pino
Louça suja na pia
Camisa jogada
Sapato largado
Toca o alarme
Levanto da cama
Escovo os dentes
Calço o sapato
Visto a camisa
Abro os olhos
E vou trabalhar...
Cabou o intervalo
Bem agora aqui deitado
Tela branca me encarando
Eu já nervoso pensando:
Que %$**# vou escrever
Meu dedo já tá coçando
Mas até verso rimado
Fica todo bagunçado
E agora, o que fazer?
Há se fosse vazieza
De minha cuca arigó
Sem ideia, sem tolice
Pra jogar duma vez só
Se fosse tinha certeza
Tem remediação
Mas o caso é mais grave
O problema é lotação
A galega do meu lado
Que respira em mi maior
Faz um som bem encorpado
Ritmado, harmonizado
E a tal respiração
Ligeira qual furacão
Entra feito enchente
Largando tudo no chão
E o verso estruturado
O poema emoldurado
E até o mais ousado
Ficam tudo ali de lado
E a zuada da galega
Retumba na marcação
Faz a mente pedir arrego
E embarcar na percussão
Tum tum-tum
Tum tum-tum
Tum tum-tum
Quanto mais
Generoso,
Gentil,
Amistoso,
Sincero,
Sereno,
Mais eu me preocupo
Com a força
Do veneno