10/08/2014

Pa(i)stor de filhos

Continuando meu exercício de não meramente dar parabéns, mas tentar enxergar qual o papel de meus pais em minha vida, agora gostaria de discorrer um pouco sobre meu querido pai.

Durante minhas auto-avaliações, comecei a enxergar uma certa dualidade existente entre pai e mãe, algo meio yin e yang. Como descrevi na postagem do dia das mães (http://fulerabrasil.blogspot.com.br/2014/05/dia-dia-das-maes.html), a relação com minha mãe seria a yin, algo mais interno, quase subconsciente, e com meu pai yang, meio que externa. Mas, externa como?

Em meus devaneios cósmicos, vislumbrei papai como um direcionador de fluxos, um ser que de forma alguma precisa romper abruptamente projeções ou impulsões no éter universal, mas que consegue com uma certa suavidade, me redirecionar para melhores percursos. Claro que isso não ocorre em sua plenitude, graças às minhas solavancadas repentinas, mas no geral, vejo que muito do que meu velho faz e fala durante minha vida, vem sendo fatalmente adsorvido e replicado. Por sorte tenho um ótimo pai: reto éticamente, bondoso como humano e ótimo raciocinador, o que vem facilitando com que eu trace um caminho muito agradável. 

E o mais interessante é me descobrir naquele lugar comum onde enxergamos de forma mais clara quão "falíveis" e semelhantes a nós são nossos pais (e mães), e enxergar neles verdadeiros heróis, por não fazer menor ideia de como trilhar uma vida que nem sempre é fácil com tanto sucesso. Mas, independente do que me espera, permaneço tranquilo, pois de um jeito ou de outro sempre terei um ótimo companheiro para seguir junto por esse vidão. 

Grande abraço pai!

01/08/2014

Eleições, como seu voto não muda nada de nada.

Nas últimas eleições eu escrevi um texto falando sobre essa tolice de defender fervorosamente um partido igual a time de futebol, algo passional e sem motivo real (ou com vários motivos que mais parecem desculpas). Bom, dessa vez vou mais fundo.

Facebook se tornou para mim uma rede social maçantemente repetitiva e com poucas e boas (muito boas) postagens. Dentre esse marasmo papagaial de compartilhamentos, vejo muita gente postando sobre a importância do voto. Durante a Copa era "não adianta mais protestar, vamos torcer pelo time do Brasil e mostrar nossa revolta com nosso voto", também rolam postagens do tipo "minha melhor arma contra corruptos é meu voto" e a mais recente "não é a política que faz o candidato virar ladrão. é seu voto que faz o ladrão virar político"... (sic)

Vou começar com um exemplo: Imagina que você quer reformar sua casa e um cara aparece dizendo que você deve contratá-lo para dar um jeito nela e que ele é muito muito bom e vai te cobrar $$ (muita grana) para fazer o melhor serviço da praça. Você, como bom brasileiro trabalhador endividado, fica logo desconfiado e enche o cara um monte de perguntas sobre os detalhes de como ele irá fazer tudo que prometeu. Ele desconversa e diz que é só contratá-lo que vai dar um jeito em tudo. Nem preciso dizer que você vai fazer aquela cara de "como é?" e dispensar o caboclo na mesma hora, não é mesmo?

Pois é, na política é quase a mesma coisa, com a diferença que somos obrigados a contratar alguns desses sujeitos que nem sabemos direito como vão trabalhar para resolver nossos problemas. Responda se isso faz algum sentido, porque pra mim não faz nenhum.

Seu voto só serve para contratar por 4 anos uma pessoa que:

1- não precisa prestar contas com ninguém que a empregou (só não deve fazer coisas ilícitas).
2- não precisa ter nenhum tipo de planejamento pré-estabelecido para ser contratada.
3- a equipe só não pode ser da parentada, mas pode ser toda a galera da pelada ou do boteco, já você não vai empregá-la pensando em quem vai trabalhar com ela.

Seu voto é uma arma? É a sua forma de descontar as safadezas? Não meu senhor e minha senhora, é uma mera formalidade para eleger pessoas que vão cumprir minimamente com as obrigações para com o povo e vão gastar maior parte do tempo agindo e pensando em como vão se reeleger, ou como vão retribuir os favores prestados pelos caras já bem ricos que os apoiaram na campanha.

Nosso voto só terá validade, quando essa turma tiver que, obrigatoriamente, apresentar com muita antecedência as suas propostas para os 4 anos de mandato e quem será sua equipe de governo. Também é fundamental estabelecermos mecanismos rigorosos de controle/avaliação (anualmente) do cumprimento do que foi prometido, senão o(a) caboclo(a) rapa fora.

Claro que para a política brasileira melhorar são precisos muito mais itens aqui, mas pensando na gente (o povo), acho que essa drástica mudança já garantiria pelo menos que votássemos em alguém que é obrigado a cumprir o que prometeu e precisa pensar bem antes no que e como vai trabalhar. Isso já me deixaria bem mais tranquilo e atento pra cobrar os serviços que eu contratei.