27/04/2010

Tic......

O destino é frio, O tempo egoísta
Agem por caprichos,
cruzam caminhos distantes
apagam a luz bem no meio
desnorteiam os pobres mortais
atrasam meu relógio, aceleram o teu
me escondo do sol, tiro a bateria, tento esquecer
mas fico pensando: quanto tempo vai levar,
até eu te conhecer?

24/04/2010

Internet Discada

Liga o computador
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escreve
escreve
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respira.........................................
.......
atualiza
apagou
respira.........................................
................................................
....................
escreve
escreve
clica
espera............
erro
chuta a parede
respira.........................................
................................................
................................................
..............................................
escreve
clica
espera................
enviado
fecha
desliga
e vai beber porque tá foda essa internet

16/04/2010

Encontros secretos

Do discreto odor que teu olhar emana,
que me enrijece sonhos, quando encaro a ti
Do timbre excitante, dos lábios lascivos
que abrem e fecham para meu prazer
Dos cabelos longos, guardiões de tua nuca
algozes cruéis do meu ímpeto vampírico
Tu, nêmesis nefasta,
que me condenas ao eterno desejo
carnal, visceral,
desejo
Tu, que só encostas em minha jaula
desaparece de meus sonhos, ao fechar da porta
me entorpece, excita, castiga,
e num ensejo
me sela a boca, venda os olhos
matando aos poucos, cerrando a sorte
com o suave veneno, que reaje tão forte
na intensa morte,
que me causa teu beijo

13/04/2010

Siesta feira

Sexta sairei de casa, lamentando ter deixado minha cama, forçado pela necessidade de beber,chegarei no show meia-boca, com as calças sujas de lama, troco uma idéia, sorrio, fecho os olhos, ouço o som, te imagino chegando, vestido longo, cabelos longos, abro os olhos, acaba o show, como sanduíche com refri, sorrio mais um pouco, menos conversa (já tou cansado), chego em casa, embriagado e afim de dormir, lamentando ter descrito minha sexta, na terça-feira...

11/04/2010

Para a moça onde a rima termina

Procuro no amor uma alegria
uma alegria que o amor não alimenta
mas de teimoso continuo na agonia
e na tristeza de alguem que sempre tenta

Me apaixono pela brisa
pela bela moça a passear
cedo a luxúria da vida,
confesso
mas quem não o faria
tendo um mundo pra flertar

Porém, o espelho da verdade se mostra
e me vejo como o mais tolo
que se engana, fugindo da resposta
tentando na beleza do mundo,
esquecer de quem mais gosta

Ó suspiros da lembrança,do que nunca aconteceu
da vontade que exala, do amor que não nasceu
dos teus lábios que me encaram
dos laços que nos separam
teu amor do meu

Mas o mundo sempre gira tonto
e na curva que dá, te encontro
pra no fundo dos teus olhos compreender
que o amor que sinto pelo mundo é um só,
é só o amor que sinto por você

(porque um sorriso pode ser descomunalmente devastador)

Às crônicas de verdade

Ele finalmente terminara a crônica após dias sem inspiração, problema que podia agradecer à sua filha e sua gravidez repentina e precoce, dezessete anos e muitas dores de cabeça pro paizão. O texto era sobre um tema recorrente e bem mundano, uma ida ao supermercado com os filhos, e por isso requeria uma veia irônica profunda para ficar bom, e ironia no momento, era sua vida. O texto ficou bom, título melhor ainda, dava até para rir internamente enquanto se assegurava que tudo estava nos conformes. Porém, uma idéia ressurgiu em sua mente, e emergia mais constante ultimamente, algo que deveria se assemelhar a frequência de pensamentos sombrios de um assassino. Enquanto mirava na parede as últimas páginas enviadas pela editora para que ele aprovasse a impressão, viu o seu grande temor se manifestar, as cinco primeiras palavras com letras garrafais. Não se lembrava quando, nem como tinha surgido isso, mas essa tática, que parecia inocente, algo como uma marca registrada ou brincadeira, aos poucos foi causando desconforto pela aparente importância dada pelo público. Cinco palavras que nada diziam sobre o todo, mas que todos diziam ter algo de muito. Frustrante. E ao relê-las no texto, viu que estas, especialmente, não diziam nada MESMO, nem sobre supermercado, como podia? Quem dentre esses tolos que consideravam as cinco palavras mágicas entenderia a graça do texto? Eram tolos, mas também compravam seus livros, isso teria de ser considerado. Resolveu apagá-las. Mas rapidamente viu que se as apagasse, estaria agindo de forma errada com seu querido público, teria de educá-los com palmatória, não ceder-lhes aos pensamentos equivocados. Estaria estimulando a leitura resumida, presumida e presunçosa, o misticismo de cinco palavras mágicas, coisa de bruxo e duende. Inaceitável para seus padrões de intelectualidade racional, que tanto demorara para adquirir. Resolveu dar um tempo. Foi tomar um café olhando para a rua. Dia chuvoso, agradável, duas jovens passavam conversando algo sobre um show que iria acontecer, muito eufóricas. Pensou nelas e como as cinco palavras poderiam destruir suas vidas se as condicionasse ao misticismo presumitório de seus textos, e se elas extrapolassem tal mau comportamento para o mundo? Um absurdo! Preconceitos, guerras, má gestão admnistrativa dos bens públicos, o fim da civilização! E resolveu, pelo bem da humanidade, deixá-las intactas, nada de dicas ou pistas, assim daria àquelas duas garotas a chance de conhecer o mundo de verdade, sem resumos ou preceitos quiméricos. Um mundo vero, e um pensamento, veríssimo.

02/04/2010

Prum amigo cor-de-rosa, lá vai a da alma sebosa!

um dia no msn, com um amigo cor de rosa
papo vai e papo vem, numa conversa toda prosa
alvejei-lhe uma expressão, da minha terra tão formosa
e ele de pronto pediu, "escreve algo com alma sebosa"

no mesmo instante um lampejo, de origem obscura
que veio das banda do Atreio, porém sem tanta ventura
me fez escrever esses versos, sem propósito a altura
só pra treinar uma rima, aliviar minha fissura

e agora que nada falei, de maneira substancial
e possivelmente não agradei, o que é algo bem normal
pra quem passar por aqui, e não quiser passar mal
só tomar um dramin, que vai ficar na moral

Porque blog também pode ser twitter

Onde a chuva é cachoeira, todo mundo vira Shiryu!